quinta-feira, 21 de maio de 2009

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL:UMA OUTRA ESQUERDA É NECESSÁRIA

O que de mais concretamente proveitoso todos os participantes do FSM podem promover para efetivamente fazer valer o tema permanente do encontro “Um outro mundo possível” é algo muito além das discussões sobre os problemas sociais, políticos e econômicos provocados pela globalização neoliberal. Não que esse assunto não seja importante, obviamente o são, mas não é o que falta no dia-a-dia da militância ali reunida. A reflexão de si mesmo, de suas próprias práticas políticas no meio onde atuam, esse, no meu entender, é o tema mais urgente.

São diversos os representantes de entidades civis, organizações políticas, movimentos sociais, governos e ativistas mais uma vez reunidos, todos dizendo-se preocupados com as transformações estruturais das sociedades dominadas pelo capitalismo. Faz-se, portanto, uma ótima oportunidade para que o espírito que os une – o princípio da solidariedade de classe – garanta um franco e profundo debate, onde as diferenças e divergências que porventura existam, desta vez, não sejam encaradas com a animosidade costumeira e sim com sincera disposição de abertura analítica às críticas e auto-críticas, dentro do propósito do fortalecimento da unidade na luta.

Dentro dessa perspectiva, precisam ser seriamente analisadas perguntas como: Qual tem sido a preocupação real das esquerdas em relação à organização popular? Qual lugar as massas exploradas e oprimidas efetivamente ocupam nos organismos políticos dessas esquerdas? Qual testemunho concreto as militâncias de esquerda têm transmitido às massas?

Ou seja, uma vez que as discussões nas esquerdas se voltem para o eixo da reflexão sobre a sua práxis estar-se-á inaugurando, efetivamente, um novo momento para o resgate concreto do sonho coletivo de uma sociedade socialista. Esta se construirá, sim, mediante a denúncia firme das estruturas dominantes do Capital, mas sempre com o entendimento de que somente o verdadeiro altruísmo revolucionário de cada militante e das organizações políticas de esquerda poderá ser capaz de suscitar progressivamente nas massas a reação necessária até a ruptura final.

Rio, 30/01/09.

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