quinta-feira, 21 de maio de 2009

PREFEITURA DO RIO E O “CHOQUE DE ORDEM”

Menos de um mês após a posse, Eduardo Paes (prefeito do Rio) já está cumprindo rigorosamente a sua principal bandeira eleitoral: a restauração da ordem pública.

Sob o comando do “super-xerife” Bethlem, a Secretaria de Ordem Pública e diversos outros órgãos do Município e do Estado estão empenhados numa força-tarefa com o objetivo de dar o que têm chamado de um “choque de ordem”. O alvo principal? Crianças, jovens e adultos moradores nas ruas da cidade.

Trata-se, mais uma vez, da velha política inconseqüente, irresponsável, elitista e fascista, que não obstante virou modelo de gestão nessa cidade e no país, colocando os pobres não como o centro de uma efetiva política de promoção social, cultural e econômica, mas como um problema – pior - o maior dos problemas (pois supostamente causador de outros problemas) a ser combatido com medidas que, na prática, impõem mais exclusão, marginalização, discriminação e violência aos que mais sofrem desses males cotidianamente.

Os especialistas na área social e urbana já têm afirmado, há décadas, que a questão da população de rua é algo complexo pois são diversos e mais diferenciados os fatores e motivos que levam essas pessoas a decidirem por tal via de sobrevivência. Contudo, a política das continuadas gestões municipais têm sido inexoravelmente a mesma: remover para um lugar bem distante da população “civilizada” o que consideram “lixo social”.

Só que o problema é que esse “lixo”, mesmo removido, volta ao lugar de origem e desloca-se desse para outro tentando não ser novamente enlaçado. Na torpe visão do Secretário Bethlem - que reflete a visão de todo o governo, de grande parte da classe abastada e até da menos favorecida - essa reação de resistência é porque tais pessoas acabam “viciando-se” no mundo das ruas.

Ora, isso obviamente não é verdade. As causas que levam a população de rua a não aceitar os abrigos é porque ali, objetivamente, sempre foi tratada de forma ainda pior do que nas ruas. Mas se a tese do secretário fosse correta, de todo modo continuaria, ainda sim, sendo ele o maior culpado, pois tem sido, o próprio, diretamente responsável por essa questão na cidade e no Estado do Rio já há vinte anos nos seguidos governos em que integrou e nada fez senão repetir a política ineficaz de repressão e remoção do “lixo” para debaixo do tapete.

Por isso, não podemos esperar outra coisa dessa prefeitura cujos líderes já mostraram ao que vieram há muito tempo. Espanta saber que um governo desses foi e está sendo apoiado pela alta hierarquia da Igreja Católica e por setores políticos que até então pareciam ter uma preocupação com a causa popular e dos mais oprimidos.

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